Ontem foi dia de subir a Ulriken, é a mais alta de sete montanhas que cercam Bergen, com 643 metros acima do nível do mar. Nossa caminhada começou tranquila, pois a maior parte da área central da cidade fica pouco acima do nível do mar. Andamos por mais ou menos 4 quilômetros, foi onde começou a parte pesada da subida, passamos por bosques íngremes onde precisávamos o tempo todo nos apoiar em árvores e nos segurar em arbustos que cercavam a trilha, subimos por cerca de um quilômetro e meio e, para nossa surpresa, nesse caminho encontramos alguns idosos simpáticos que andavam no sentido contrário ao nosso, e que pareciam não fazer muito esforço para andar na trilha acidentada. Este espaço que percorremos já foi bem cansativo e acreditem, era só o começo. Chegamos à uma área com menos vegetação onde para nossa alegria, já tinham algumas grandes concentrações de gelo, pouco pra quem já conhece mas muito para nós que nunca havíamos chegado perto daquela quantidade.
Depois de umas fotos e um pouco de descanso continuamos nossa subida, é neste ponto onde começou a parte muito pesada, uma subida muito íngreme cheia de pedras soltas de todos os tamanhos, um lugar por onde escorre o degelo do pico. Para quem não tem preparo físico é quase impossível chegar ao topo (quase não chego rs - Daniel). E desta vez para nossa maior surpresa (coisa de nos deixar de bocas abertas), encontramos pessoas de todas as idades e inclusive muitos idosos, que subiam e desciam como se estivessem subindo e descendo os degraus de casa. Dentre todas estas pessoas, tiveram três que mais nos chamaram a atenção: 1ª: Uma senhora, aparentando uns 40 anos, subindo somente de regata e legging (onde já batiam uns frios 4ºC), ela passou por nós dois com um mega pique, chegou ao topo, voltou e ainda nos faltavam pelo menos uns 500 metros, isso mesmo, enquanto ela fez um quilômetro em ida e vinda nós não fizemos 300 metros (vergonhoso). 2ª: Um senhor franzino, de barba, bigode e sobrancelhas que pareciam feitas de algodão, ele deveria ter no mínimo uns 70 anos e desceu aquelas pedras feito um cabrito montês, e isso não é exagero, o senhorzinho era muito rápido. A 3ª pessoa vimos quando - depois de muito esforço e pernas trêmulas - havíamos chegado ao final da trilha: Um jovem pai que além de carregar em um bebê numa "baby backpack carrier", conduzia uma garotinha, com seus aparentes 4 anos, começava a descida da majestosa Ulriken.
Foram sem sombra de dúvidas, cenas que nos fascinaram, que nos mostraram o quanto os noruegueses são cheios de saúde e disposição, o quanto eles amam e se orgulham de sua terra, e de tudo fazem para estar em contato com ela, sejam mulheres ou homens, muito jovens ou muito velhos. Pessoas repletas de longevidade e garra. Era isso o que víamos em cada olhar simpático que cruzava o nosso caminho.
Chegando ao topo e, como era de esperar, ficamos bobos com o que vimos. Depois de conseguirmos tomar algum fôlego fomos aos poucos cada vez mais perto dos montes de gelo que se estendiam pelo topo da montanha. Escorregando um pouco nos primeiros demos boas risadas e ao aprender a nos firmar, começamos passear e explorar algumas belezas escondidas como um pequeno lago congelado ao lado de uma pequena cabana parcialmente coberta pela neve, que não era a única, ao fixarmos mais nossos olhares pudemos avistar várias destas casinhas espalhadas por todo o topo. Admiramos por muito tempo a inexplicável vista não só da cidade de Bergen mas de grandes porções de mar e cadeias de imensas montanhas.
Hora de voltar para a casa, o começo da descida foi automaticamente e igualmente exaustivo, pois mesmo tendo descansado um pouco os nossos músculos já estavam super fadigados, panturrilhas e coxas ardiam e joelhos doíam, mas tínhamos de descer (a tarifa do teleférico é de 900NOK, +ou- R$ 340 por pessoa) sim, tínhamos de descer a pé.
Para nosso alívio existem várias trilhas para ir e vir, e depois da parte mais "punk" da descida optamos por uma trilha muito mais tranquila que desconhecíamos até chegar aquele ponto.
Começamos nossa caminhada por volta do meio-dia e chegamos em casa por volta das 22h, estávamos exaustos e famintos, sorte nossa que tem um supermercado muito bom quase na frente de casa, compramos uma pizza congelada (para repor as calorias perdidas rs) e depois de colocar um adicional de queijo pudemos comer e repousar até cairmos no sono (claro que até dormirmos ainda tínhamos a sensação das botas em nossos pés :-D ).