Hoje fazem exatamente três anos desde a saída do Brasil, três anos de surpresas, três anos de descobertas, três anos de luta, três anos de saudades! Não é nada fácil, sair com a casa nas costas (quase que literalmente), enchemos nossas malas com parte de nosso enxoval, e levantamos vôo, com a única certeza de que, buscávamos algo melhor. O deslumbre de desembarcar em outro país nos propõe um momento único, um momento de magia, é novo, diferente, é tão; receptivo. Não sei e, nem mesmo faço ideia de como foram as viagens dos demais imigrantes, mas os primeiros dias são totalmente turísticos, boas acomodações, lugares lindos, muitas vezes quando você desembolsa, a simpatia é maior, claro que existe simpatia fora do comércio, mas essa é mais difícil de ser encontrada! Quem não se declinaria a isso? Nós nos sentimos bem em sermos bem tratados, nossa ideia é: "Quero ficar aqui para sempre!", mas como muito do que passa pela nossa cabeça não se aplica ao mundo real, isso acaba também por ser passageiro. A ideia era ficar na Holanda (se possível), praticamente impossível, uma vez que você não sair do Brasil já empregado, sem chance (a não ser que você aguente a ilegalidade, sim, é possível)! Plano B, Noruega, lugar de acomodação - Bergen -, lindo, costeiro e de águas cristalinas, com uma montanha coberta pela neve, que de tão linda, atrairia até o mais "friozento" de todos, mesma história, tudo muito lindo, tudo muito convidativo, desde que, você chegue lá com o posto de trabalho garantido ou, não se incomode de pedir dinheiro na rua - onde não se vê poucos casos.
Próxima parada, a terra "acolhedora", Portugal, devido aos seu vários acordos com as países "colônia", muitos processos acabem por serem facilitados, não que isso seja fácil! Existem uma série de desafios a serem ultrapassados, fazendo uma lista resumida você precisa: arrumar um lugar para morar pelos primeiros dias (em quase todos os casos, quartos em apartamentos compartilhados), uma pessoa com documento português para ser seu "responsável" (antes podiam ser brasileiros com residência, hoje, exigem que sejam portugueses), conseguir um trabalho com contrato (pois só assim consegue-se um número de segurança social) e a partir dessa parte sim, dar entrada - depois de alguns meses - no seu pedido de residência portuguesa.
Acompanhando ainda a logística do parágrafo anterior, você pode com facilidade encontrar más pessoas nas suas primeiras experiências em moradias, pessoas que não vão se responsabilizar por você, (claro, não te conhecem e são ainda, ressabiados com as atitudes de outros brasileiros) e, por último e não menos importante, conseguir um emprego com contrato de trabalho, infelizmente muito empregadores usam a situação do imigrante de má fé e, exploram sem dó os lutadores. Quero até mesmo ressaltar uma situação que aconteceu comigo, na busca por uma oportunidade de trabalho, visando ter uma documentação e uma situação legal em Portugal, distribuí inúmeros currículos, onde um deles foi recepcionado por um, acreditem, brasileiro, dono de dois restaurantes, e para minha surpresa ele me fez a seguinte proposta: eu trabalharia 36 horas semanais e teria um contrato em "part-time", entendam que, contratos "part-time" não te dão direito de dar entrada na residência e, quando você trabalha sem ser especificado o seu período por horas, o seu "part-time" vale somente metade do "full-time", ou seja, cuidado com brasileiros que ajudam brasileiros. Existem os bons mas, também existem os ruins.
Seria injusto falar só dos patrões brasileiros que nos passam a perna, pois até hoje, aqui, já fui literalmente enganado por dois patrões portugueses, um simplesmente fechou o estabelecimento e não me pagou e outro fazia os descontos em meu salário (da Segurança Social, meio que um INSS, e não me inscreveu na Segurança Social, levei um chapéu) Mas Daniel, e a parte boa!? A segurança, não, a falsa sensação de segurança. Desde a nossa chegada, andamos de madrugada, (muita gente não faz ideia de como é andar as 4 da manhã como se fosse as 4 da tarde), usamos nossos belos celulares, em qualquer lugar e horário, deixamos até a porta de casa aberta (muitos não aconselham, mas não sei se contam, foram brasileiros perturbados), enfim, não é um lugar perfeito mas é bem melhor que o Brasil! Por estar grudado á União Europeia, por ser menor? Não sei, mas é melhor! E acredito que seria melhor ainda se se empenhasse e tentasse ser um país de primeiro mundo, antes que vire um "brasilzinho"! A saúde e educação funcionam melhor, quem não se adeque é porque realmente ainda tem o gene do terceiro mundo (ou quarto, vai saber). Passando das surpresas, descobertas e lutas, vêm as saudades, e acredito que, as pessoas que falam que não sentem saudades, não amam os seus, consecutivamente, não têm amor próprio. A saudade é esmagadora, te faz chorar, te desalinha, te consome. As vezes você acorda no meio da noite, olha para o reflexo no vidro da janela e, vê que aquele não é quarto onde você acordou a vida toda, ou parte dela, e é exatamente isso, a vida, mudar, evoluir, procurar o que é melhor, independente de onde, como, quando! Hoje fazem exatamente três anos desde a saída do Brasil, e é só começo de uma nova jornada, o começo de uma vida mais feliz, cheia de conquistas, cheia de uma verdadeira esperança!